Regresso por ti...

Regresso por ti...

Tempos estranhos, de difícil compreensão e assimilação para quem vivia uma normalidade saudável. A liberdade era constante, a comunhão com os amigos um festim que nem dávamos a importância devida e que agora sentimos a sua ausência. Um percurso novo, em que pormenores podem dar um sorriso no rosto, nesta estrada que ficou vazia de afetos físicos.
És uma mulher sensível em cada detalhe, cada toque remexe as emoções que navegam sempre à flor da pele. A tua forma romântica na arte de amar faz de ti um vulcão efervescente que parece adormecido. Neste ciclo sentes um marcar passo na tua vida, uma espera temporária, uma aragem fria, mas uma eternidade que corrói a mente como um nevoeiro denso que faz florescer verdete no íntimo.
A indiferença desumana que sentes do abraço sentido, deixa o ego algemado na colmeia das paixões. O silêncio do cio que ladra cada vez mais nos neurónios ávidos de prazeres, fazem repensar convicções, com vontade de sair dos lugares da escuridão. Uma chorona contida pela cegueira de otários, não desejas esta morbimortalidade da ansiedade que corrói e deixa as vibrações corporais encardidas.
Os nossos corpos e almas sempre se fundiram, já criaram raízes profundas, acamparam na mesma cama encharcada em sumidouros de delírios, sonhos escondidos, bailes proibidos cobertos por fogo sem fumo.
Meditações profundas do teu “eu”, fervilham disparates na solidão e assobias ao vento, enquanto mesmo longe de ti, tenho o dom de saber escutar.
Sinto tudo sem te ver! Sinto o carregar fantasmagórico das lâmpadas apagadas dentro de ti, pois sei que tu amas dançar ao som das teclas do piano com músicas de amor.
Sinto que precisas de mim...
Aqui estou a teu lado, ainda não deste pela minha presença, és uma menina presépio, a dormir, num ressonar doce e transpiras sensualidade. Escuto os teus lábios na explosão dos beijos pelo rastilho do desejo, tens o corpo congelado, a precisar do meu para derreter escaldões na pele.
Presumes que é um sonho, saltas as cancelas do inferno, replicas palavrões picantes e quando olhas no espelho colorido do quarto, vês a nossa nudez como se fossemos Adão e Eva.
O transe necessário para fazer tocar o céu, sangrar o teu vírus e voltares a ser a safada com requinte, a santa atrevida sem véu e soltares a gritaria de fodilhona pecadora pelos gemidos da felicidade.
Desperto o tesão adormecido, a tua boca ao ritmo de samba aspira o sexo faminto, escalo os seios como um montanhista empenhado, ouvem-se uivos de promessas loucas a dançarem sem norte no baloiço do amor. Suplicas que infrinja golpes profundos, obedeço e brindo os teus buracos do prazer com castigos, até ficarem puídos como um chapéu dum pobre.
Sentimos novamente a dois as suadelas do físico, ouvimos os pingos de orgasmo a caírem no chão e o enlace eufórico das almas, neste regresso por ti.
 
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