Magia da dança…
29 de Abril, 2020
Desde menina que escutavas nos silêncios os sinais do corpo, sentias nele o despoletar de emoções na sintonia da geografia corporal. Sempre que ouvias música, era um gatilho para liberdades voadoras e soltavas-te de mãos dadas em cumplicidade com o espelho do quarto.
Um bichinho que foi despertando dentro de ti, um ninho de vibrações, na tua sensibilidade apurada e que contaminava a rebeldia carnal.
Hoje, tudo serve como palco, o jardim coberto de pétalas, um labirinto de sonhos, tudo é um casulo mágico para os teus pés de veludo, numa habilidade equilibrada e passeias o requinte perfecionista.
Clássica, ballet romântico, pop, seja o que for, são piruetas com leveza vagabunda, movimentos febris, em ritmos inigualáveis, carregados de fascínios perfumados e deixas pegadas com cheiro a vida.
A verticalidade, a simetria, a harmonia, os rodopios no ar, os alinhamentos, a fragrância nos passos, tudo encantos de puro talento, charmes de poeta que fazem de ti uma fada, uma deusa voadora.
A plateia fica empolgada a contemplar o teu corpo, as coreografias com paixão, a energia intensa nas criações eróticas, deslizas fantasias em cada estrado que pisas. Soltas a prisioneira exuberante que tens dentro de ti, recrias ilusões contagiantes, vences as barreiras invisíveis, deixas um rastro de virtuosismo e provocas calafrios nos espetadores estupefactos de boca aberta.
És um coração flutuante, um vulcão efervescente, uma imaculada mulher, um corpo aceso em fogueiras, mesmo que tenhas fendas na alma, no íntimo, mas que a mestria brutal na entrega, consegue iluminar plateias.
O teu ego é um culto musical, o brilho, órbita na atmosfera sem segredos, sempre com enorme ímpeto, eloquência por vezes até comovente, quase uma superação do orgulho, com elasticidade ternurenta e acabas sempre aplaudida efusivamente de pé.
Talvez tudo magia da dança, mas tu és esmerada e apaixonada na arte de corpo e alma.
Respeite os direitos de autor.
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