Romance à chuva…
14 de Novembro, 2018
Lá fora é inverno rigoroso, os ventos sopram como se fossem raivas dos deuses e a chuva está intensa. Tudo vaticina mais um dia de repouso na calma do sofá e no silencio do som do fado. A lareira solta labaredas de perfis ilusórios e o calor invade a sala.
Tudo se conjuga para rituais de acalmia a absorver energias repousantes. Gosto de contemplar a chuva a bater nas vidraças, que faz ressuscitar muitas recordações nas minhas memorias.
As loucuras cometidas contigo nos dias de dilúvios. Os gozos que suspiramos na envolvência de nosso romance. O clima podia ser agreste, mas os nossos laços de afeto eram delírios de assédios. Podiam chover ancoras de ferro que os nossos entusiamos eram feitos de desafios, tudo em troca dos sinais da química dos nossos corpos. Para nós não havia dias chuvosos, havia comprometimentos tocados pelo cupido. Mesmo assim, ousamos ser os protagonistas em lugares perigosos e proibidos, mas que a excitação da fantasia criava tentações contagiantes de compartilhar os momentos.
Os beijos molhados eram as liberdades exuberantes, as afeições da motivação.
Ainda lembro as brincadeiras privadas que fazíamos nas sombras da luz, as dedicações um ao outro na nudez da pele. Tu adoravas estimular ímpetos neste mentor de sonhos e eu adorava usufruir do despertar dos teus sentidos. Encharcados pelas chuvas da paixão teus cabelos eram poesias eróticas abstratas que convidavam a mergulhos em ti. O teu olhar enigmático, o corpo de deusa tornaram-te especial e levaram minha alma a transplantes de desejos. A forma como tua sensual boca sussurrava palavras capturava e consolidava a nossa cumplicidade.
Dias tempestuosos e agrestes, mas mesmo assim a nossa interação desmontava tudo o que nos rodeava e preferíamos morrer ali de amor.
Os brilhos de nossos olhos eram luzidios e sempre de forma crescente conforme nossas emoções palpitantes.
As chuvadas entranhavam o corpo, podíamos estar na praia a céu aberto, no jardim ou simplesmente ao luar, mas nós apenas sentíamos o calor do outro.
Tudo simplesmente memorias neste meu aconchego do lar, mas sei que não foram fantasias, foram existências de vida, foram romances à chuva.
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