Espirito luar...

Espirito luar...

Vivo tempos de nostalgia, com necessidade de abraçar novas felicidades, de preencher os vazios das carências de afetos.
Na garagem a velha mota sorri para mim, fala que também está farta de estar fechada, quase escuto as suas súplicas pelas nossas velhas loucuras. Pego nela, dou à chave em busca de aventuras fatais e mergulho na noite. Está linda, a brisa sopra ares quentes do deserto, um luar azulado, limpido brilhante e espelha na tranquilidade aprazivel das águas calmas do rio.
Nas margens, um vulto feminino, de cabelos soltos, voa num baloiço pendurado no carvalho, como se fossem pinceladas dum artista. Talvez visões obtusas das minhas fantasias, a tentarem refrescar entusiasmos no ego.
Afinal, é mesmo uma mulher. Linda pelas expressões fisícas, desenhada a papel quimico pelo Deus Eros  e que faz despertar temperaturas sem limites.
Estarei a sonhar?
É real, neste refúgio lírico, desenhado para ser uma fortaleza do prazer, talvez esteja à espera de ouvir poemas do poeta, ou simplesmente é a diva nomeada pelos deuses para cruzar o meu caminho.
Baloiça sem parar, com a beleza cativante, sinto uma empatia cruzada e deixo-me morder pelo fascinio da atração.
O corpo cheira a pétalas aromatizadas e sorri para mim…
Apenas pelos gestos incondicionais, confessa com palavras mudas que andas perdida no tempo e ávida de elogios famintos.
Duas almas hipnotizadas, dois corpos dormentes, que precisam de loucuras sem complexos, como se elas fossem a droga benéfica para uma fusão ardente.
Ao longe, voam as gaivotas ao som dos sinos que tocam arrebate nesta ilha de amores e com o espirito indomável, atreve-se a conversas murmuradas no canto dos ouvidos.
Conheço esses bafos quentes, é fome nos sussurros, de arrepios emocionais, que se esbatem na minha sede pelos orgasmos femininos.
As carícias, os toques subtis nas epidermes, os beijos tímidos, abrem o palco do paraíso à paixão.
Os estimúlos carnais, fazem gemer palavrões, abrem brechas nas hormonas insaciáveis por prazeres e acabamos por fazer amor encaixados no baloiço.
Dois corpos em simbiose, entrelaçados na intimidade dos sexos, abraçados pelas mãos quentes, esfomeados de sobrevivência dos afetos e embriagados pelo espirito luar.  

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